“É parte da cura o desejo de ser curado.” (Sêneca)
Estrada de chão batido… terra vermelha, vento forte! Olhos ressecados semiabertos e rosto marcado pelas rajadas de areia. Mal conseguia dar um passo, tentava caminhar, mas sentia que estava perdendo para o vento. Parei, esperei, me curvei, mas não saía do lugar… o corpo estava cansado, a cabeça doía, tudo rodava… De repente, eu abri os olhos, a respiração estava acelerada, tentei me levantar e sentia a coluna… Essa a imagem forjada na mente. Havia anos que eu não me sentia bem, ia a médicos, fazia exames, tomava remédios, mas a cura era temporária. Cansada de insistir nos tratamentos tradicionais, que tinham como foco os males do corpo, e motivada pela falta de energia e vontade de viver, procurei um psiquiatra. Do lado de fora, na sala de espera, eu ouvia música clássica enquanto aguardava meu horário. Passava um filme na cabeça, era como se minha vida estivesse enrolada, como nos rolos de filmes antigos. Por onde começar? O que falar? Diferente das entrevistas nos consultórios médicos, ali eu teria um papel fundamental, eu teria que me abrir, para ajudar a revelar o que estava por trás do meu corpo doente. Eu estava nervosa, fui ao banheiro, lavei o rosto, me olhei no espelho, tive a sensação de desconexão; não me identificava com aquela imagem. Me sentei na cadeira; 10 minutos pareciam horas… A porta se abriu, ele se sentou numa poltrona a poucos metros da minha. “– E aí, como está?” Não daria para simplesmente responder “- Tudo bem, e você?”. Era preciso olhar mais profundamente para dentro, colocar para fora o que me incomodava. Após poucas palavras, um silêncio tomou conta da sala… eu não queria falar, as lágrimas desciam pelo rosto… Olhando para este quadro, depois de muitos anos, eu sentia que o diálogo comigo mesma era mais fluido, e eu ainda enfrentava meus fantasmas, sem receio. Mas a dor das rajadas de areia no rosto ainda me incomodava. O tratamento do ser humano integral passa pela medicina convencional, mas só se concretiza quando reconhecemos que, além de tratar o corpo físico, temos que cuidar também do corpo espiritual, para obtenção plena da cura e autocura. Na busca da cura, depois de tratar o corpo físico e o emocional, havia chegado o momento de tratar o corpo espiritual. Escolhi a técnica criada pelo Dr José Lacerda, a Apometria, que permite atingir vários níveis de profundidade do desequilíbrio humano, fazendo as limpezas necessárias para restaurar o equilíbrio original. Ainda com muitas dúvidas sobre o tratamento, eu hesitava em abrir mais uma camada do meu eu, mas a necessidade do reencontro com minha essência e meu propósito de alma se impuseram. Começamos as sessões de Apometria, mais um passo rumo ao reencontro da minha verdadeira missão nesta reencarnação foi dado; o medo deu lugar à esperança. Aquela mulher paralisada no meio da estrada começava a se mexer. Eu não perdia mais para o vento! Comecei a revisitar as feridas deixadas pelas rajadas de areia, havia chegado o tempo de me desconectar da dor e reconhecer a força do aprendizado… Um novo caminho para a cura se abriu!