“O diabo pode citar as Escrituras quando isso lhe convém.” (William Shakespeare)
Tem certos assuntos que viraram tabu e entre eles está discutir futebol, política e religião. Como não gosto de futebol prefiro discutir os outros dois. Atualmente, em nosso estado de governo, política e religião estão tão entrelaçados que não se pode mais separar os dois. No meu pouco conhecimento de política, o Estado deveria ser verdadeiramente laico – imparcial em relação às questões religiosas -, o que nunca foi. A igreja católica sempre teve influência e ainda manda e desmanda de várias formas nos Poderes. Com o crescimento dos neopentecostais, a autoridade religiosa teve que ser questionada e dividida. Ou seja, a política hoje vive em uma queda de braços para ver quem tem mais poder de voto. Um exemplo típico disso são os feriados nacionais. Dia de Santo e dia de Santa, para protestante, é o fim da picada. Mas tem coisas que eles lutam lado a lado, como por exemplo com relação ao direito ao aborto e à legalização da maconha. A moral e os bons costumes sempre estão acima de todos e abaixo de Deus (deveria ser assim mas sabemos que não é, né?). O que me choca é ver que a maioria dos que levantam essa bandeira religiosa, em um Estado supostamente laico, são os mesmos que estão envolvidos em escândalos, sempre financeiros. O dízimo deixou de ser um meio das igrejas se manterem e para fazerem trabalhos sociais; sem generalizar, pois algumas delas fazem trabalhos dignos de ajuda e atenção. A maioria usa hoje a imagem de um Jesus “monetário”, aquele que multiplica dinheiro e não os pães. E com uma sociedade cada vez mais consumista, a roda do dinheiro gira, através de uma lavagem cerebral, para financiar luxos dos líderes religiosos e campanhas políticas. Enquanto isso, as pobres e coitadas ovelhinhas passam fome e necessidade, esperando que um dia o rendimento dos seus dízimos caia em suas contas, o que nunca acontece. Como reverter essa situação? Não sei. E se você que estiver lendo souber, por favor me diga. Perdi as esperanças. Agora então, que política e religião se envolveram com a milícia, eu acho melhor discutir futebol. Um novo poder, e influência, estão surgindo com uma força e velocidade, que muita gente se vê sem fôlego. E o pior disso tudo é que antes, entre católicos e neopentecostais, a guerra era no verbo, no psicológico; agora, o poder armado, financiado também pelo dízimo, está tomando forma por entre os panos. E quando a cortina se romper, estaremos todos entregues em um paredão cheio de lobos em pele de cordeiros. Só não sei de onde virá o primeiro tiro.