“Não pretendo ser um modelo para meus filhos, mas um bom rascunho”. (Sylvio Luiz Panza)
“Pub” é uma abreviação do inglês “public house”, (em tradução livre, casa pública), e denomina um tipo de bar muito popular no Reino Unido, República da Irlanda e outros países da comunidade britânica, como Austrália ou Nova Zelândia, com autorização para servir bebidas alcoólicas, e que também serve pequenas refeições. No Rio de Janeiro, os bares também são diferentes entre si, e aqueles mais tradicionais, normalmente sem espaço para sentar e com serviço principal de balcão, são carinhosamente chamados de botecos (que em “carioquês” vira “buteco”). Essa história, por motivos que ficarão claros à frente, me remete ao meu pai, que fez aniversário sábado passado, dia dos namorados, e já atingiu respeitosos 89 anos. Ele ainda não virou jacaré, apesar de já ter tomado as duas doses da Coronavac, há alguns meses. Na oportunidade, me senti à vontade para comparecer ao pequeno grande evento que foi cortar o tradicional bolo de aniversário. Meu pai é uma pessoa de riso aberto… um português que já passou por poucas e boas na vida, mas que ultimamente tem curtido seu isolamento, na companhia da minha mãe, lidando com alguns percalços de saúde, uma surdez galopante e um gosto pelo voleibol brasileiro que, juro, nunca imaginei que ele teria. Mas, é totalmente explicável pela qualidade do futebol que se joga aqui, e que era sua paixão anterior, ainda mais depois do 7 x 1 de 2014. Atualmente os cabelos brancos dominaram sua cabeça, mas nem sempre foram brancos… Lembro de quando eu precisava levar minha filha para o colégio, na Tijuca, saindo de Olaria, subúrbio da Leopoldina, no Rio de Janeiro. Eu a deixava na portaria pouco antes das 7:00 hs, quase sonâmbula, e lá ia eu para o trabalho, no centro da cidade. Mas, no meio do caminho, eu sempre passava na loja do meu pai. Nossos horários eram compatíveis e, por volta das 7:15 hs, lá estávamos nós, em um típico boteco carioca, na esquina da Rua Professor Gabizo com Haddock Lobo. De pé, no balcão, a tomar um café, colocávamos a conversa em dia. Aquele era o clássico boteco da Zona Norte (sim, porque ao contrário do que alguns advogam, a Tijuca fica na Zona Norte), com seu café coado em coador de pano, servido no clássico copo americano, pingado ou puro, e tendo como coadjuvante uma gama de improváveis escudeiros, como um sanduíche de pernil ou um ovo cozido colorido. Mas em respeito ao meu estômago, e preservando o colesterol, acabava ficando no café preto com adoçante e um pãozinho na chapa. Papai nem era muito de café, mas a prosa era boa e ele acabava acompanhando. Pensando bem, nunca paguei uma dessas contas…, mas sei que ele nunca aceitaria. Às vezes se juntavam mais um ou dois amigos dele, clientes da loja, ou comerciantes vizinhos, o que dava uma diversificada nos temas discutidos. No geral, falávamos de tudo, desde a família até o trabalho, passando pela paixão pelo Gigante da Colina de São Januário e pelos automóveis. Aliás, meu pai gostava de atualizar seus carros regularmente e apenas há cinco anos parou de dirigir, o que para ele foi um baque. Mas neste aniversário de 89 anos eu tive a real noção de como aquelas conversas eram boas. Partilhamos muito de nós naquela meia hora diária. Revendo essa época, fico feliz por ter conseguido acompanhar toda a fase final da vida profissional do meu pai. Apesar de seu estado atual de saúde, agradeço a Deus por ele ainda estar por aqui. Porém, se ele já tivesse partido, e alguém me perguntasse o que eu lembraria dele, eu falaria de todas essas conversas de boteco. Nelas, éramos mais do que pai e filho… éramos amigos e cronistas de nossos contextos. Não eram mais do que 30 minutos por dia, mas ao longo dos anos, fez com que nunca estivéssemos longe. E essa rotina me permitiu entender muitas das dúvidas que construí durante minha juventude sobre as atitudes de meu pai, algumas das quais eu nunca tinha aceitado. E me faz acreditar que sempre podemos criar rotinas que nos aproximem de quem amamos. E, de quebra, ainda podemos degustar uma boa média com pão e manteiga, em uma instituição cheia de “carioquice”.
Que delícia de texto! Realmente o que fica da vida são as lembranças, não é mesmo? E as lembranças com a nossa família são as melhores. Você as retrata muito bem. Adorei! Parabéns Maurício!
Cristina, família é tudo, não é mesmo? Lendo o texto, nos transportamos às memórias do autor, compartilhando com ele destas lindas lembranças! Obrigado pela sua participação. Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.
Magnífica Memória. Emociona. Se o bar ainda existir sugiro propor uma ida lá com teu pai para lhe dar uma forra de tantos cafés e terem mais um Bom momento de recordação da vida.
Que delícia de texto! Realmente o que fica da vida são as lembranças, não é mesmo? E as lembranças com a nossa família são as melhores. Você as retrata muito bem. Adorei! Parabéns Maurício!
Cristina, família é tudo, não é mesmo? Lendo o texto, nos transportamos às memórias do autor, compartilhando com ele destas lindas lembranças! Obrigado pela sua participação. Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.
Magnífica Memória. Emociona. Se o bar ainda existir sugiro propor uma ida lá com teu pai para lhe dar uma forra de tantos cafés e terem mais um Bom momento de recordação da vida.
Gilberto, esta é uma boa sugestão! Obrigado por sua participação. Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.