“Olha, isso aqui tá muito bom/Isso aqui tá bom demais/Olha, quem tá fora quer entrar/Mas quem tá dentro não sai” (Dominguinhos)
A fogueira começa a ganhar vida, e busco galhos para ajudar a acendê-la. O terreiro começa a ganhar a luz das estrelas e da lua – estas sempre presentes em minha vida. Há um forte cheiro de iguarias pelo ar, que misturado ao perfume da vasta touceira de capim-limão – ou como dizem também: erva-cidreira – começa a ambientar a festa por vir. As bandeirolas coloridas dançam ao som do vento, que também faz a fogueira soltar longos braços de fogo, como se quisessem abraçar a todos, para aquecer-nos na noite fria. O burburinho já se fazia presente entre as crianças ávidas pelas guloseimas, que, delicadamente, eram colocadas em uma mesa; lembrando que esta mesa era imensa e coloridíssima pela chita que a cobria como toalha. Mas o colorido focado, não só por nós crianças, mas por todos, vinha do curau, doce de abóbora, pipoca colorida, bolo de fubá, canjica e tantas outras delícias que não cabiam na visão mais perspicaz. Os homens adultos já trajados de xadrez, chapéu de palha e todos os adereços que os caracterizavam como “caipiras”. E ser caipira de roça era tudo o que eu imaginava ser naquela noite supostamente fria, mas aquecida não só pela fogueira e também pelo carinho, afeto e disponibilidade de todos, para realizar nossa festa junina. O sanfoneiro, em um canto, na afinação de seu instrumento, já experimentava o famoso quentão – degustado somente pelos adultos. Como gostaria de ser um deles naquela noite, pois o perfume do gengibre era embriagador. Os fogos de artifício já anunciavam o início da festa com o terço e, depois, a famosa quadrilha dançada pelos adultos em seus trajes lindos e coloridos. Corríamos por todos os lados, tentando acompanhar os gritos … “a ponte caiu, olha a cobra, está chovendo, a chuva passou,…” Assim como as saias rodadas da grande roda da quadrilha, os pensamentos giravam tentando me imaginar um adulto caipira, podendo ser parte desta quadrilha. O mastro com os santos tinha um prêmio, para quem o conseguisse escalar; e o forte cheiro de sebo que o engraxava era nauseante demais. E forte também tinham de ser os corajosos nesta escalada… E eu pensava… um dia talvez eu consiga. Os anos se passaram, tornei-me um adulto caipira do interior, que toma quentão, toca sanfona e veste xadrez. Fico pensando o quanto queria hoje ser aquela criança livre, leve e solta pelo terreiro, sem saber que a festa pagã das colheitas deu origem a minha festa junina – hoje festa cristã. Queria saber que quadrilha era só sinônimo de festa e brincadeira. Mas, hoje, os adultos não entendem sequer uma brincadeira do pontífice. Como era bom olhar aqueles adultos trajados de caipira – trabalhadores do campo, que cuidavam do campo e não punham fogo nele. E como é ruim ser adulto e entender que a maior fogueira fica na capital do país, que está longe de ser aquele velho terreiro com cheiro de capim-limão. E, como caipira adulto, rezo para que Santo Antônio, São João e São Pedro apaguem a fogueira das vaidades dos adultos responsáveis por este nosso amado Brasil.
Fogueiras- Suave e denso, ao mesmo tempo, pois nos faz Refletir – o Quão sábia é a Memória pueril. Urgente cuidarmos das feridas que causamos na nossa tERRA – se quisermos que as futuras Gerações usufruam deste Lat (LAR – lugar onde nos sentimos em casa e somos bem tratados).
O autor traz aqui algumas de suas memórias e nós viajamos com ele, nos remetendo, também, às nossas próprias memórias… Obrigado por sua participação! Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.
Marilene, este foi um sentimento comum entre nós! O Autor tem este dom… Obrigado por sua participação! Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.
Esse texto me Transportou para um Momento da minha Infância onde me sentia cuidada, protegida… gostei muito do tom. Crítico do final. Parabéns Ao autor!
Francine, obrigado por sua participação. Várias pessoas relataram a mesma sensação de viagem à infância…Enviaremos ao Autor o seu comentário! Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos
Oi, Lígia, nosso colaborador, autor deste texto, tem essa capacidade… Obrigado por sua participação. Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.
Lígia, o autor tem mesmo esta capacidade… Os textos deste autor/colaborador sempre nos fazem viajar… Obrigado por sua participação! Continue nos seguindo e compartilhe com os amigos.
Maravilhoso 👏👏👏👏👏
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Como é bom ler um texto onde nos faz sentir aconchego. Por um tempo dividi com o autor o sentimento de voltar a ser criança.
Lindo !
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Esse texto me Transportou para um Momento da minha Infância onde me sentia cuidada, protegida… gostei muito do tom. Crítico do final. Parabéns Ao autor!
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Amei! Realmente foi maravilhoso Ler e Transportar para o “seu lugar”.
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