Viver requer a manutenção de um esforço diário para tudo. Esforço, não no sentido de se maltratar, de produzir violência à sua própria existência; mas sim, trata-se de um esforço que produz paz e alegria. Desde a fecundação há esforço. Só o espermatozóide mais ágil e veloz será capaz de dar seguimento ao ciclo da vida. Um esforço de milhões deles para vencer a corrida e chegar no objetivo: o óvulo. Daí em diante, para nascer, para crescer, para aprender e se desenvolver, há muito mais esforço na formação do indivíduo humano. Não cessa. Esforçar-se não é uma coisa ruim, é necessário a todo instante. Neste momento, você leitor, está se esforçando para ler este texto. É nesta perspectiva que entendo o esforço como uma ferramenta para ter uma vida saudável, para ter uma profissão e para nos relacionarmos uns com os outros. Tudo é um esforço. Mas é esforço que proporciona prazer tal qual um fisiculturista sente na prática do seu ofício para conquistar o corpo desejado; tal qual um ator que passa meses ou anos longe de amigos e familiares para ensaiar, estrear e fazer temporada de apresentações teatrais. Às vezes, ficamos desmotivados por uma série de coisas que atravessam nosso caminho, no entanto, quando queremos algo, nada pode parar nossa busca. E depois, quando alcançamos o que desejamos, temos que fazer outro esforço. Esse novo esforço é para nos mantermos no lugar onde chegamos. E no relacionamento afetivo sexual não é diferente. Faz-se muito esforço para conquistar o outro, entretanto, depois da conquista, vem o relaxamento e a união do casal chega ao fim. Erro comum. Para manter um relacionamento, é necessário o mesmo ou maior esforço que o empenhado na fase da conquista. É de vital importância o exercício diário da troca de carinho, paciência, respeito, diálogo e vontade de fazer dar certo. E não pense que unir-se ao outro fará você sentir ‘borboletas no estômago’ para sempre. Não é assim! A paixão, ou estado de demência temporária, tem prazo de validade. Vai acabar. Não fique viciado na paixão e troque de parceiro quando não sentir mais aquela explosão hormonal que gera prazer, que faz tudo parecer lindo e perfeito. Quando a paixão acabar, permaneça. Porque é neste momento que os defeitos irão aparecer, os incômodos com as manias do outro ficarão evidentes e constantes, haverá mau humor, e tantas outras coisas inerentes ao cotidiano da vivência a dois, ou três, ou mais… Todavia, isso não pode lhe fazer desistir. É preciso esforço para viver um dia de cada vez ao lado de quem escolhemos. Trocar por outro é errático, porque a outra escolha terá defeitos também, assim como nós temos os nossos. O esforço tem que ser mútuo para o crescimento de ambos nessa união. E não se una a ninguém com base no sexo, pois esse será um relacionamento fadado ao fracasso. Sexo é uma coisa e afeto é outra coisa. Não digo que o sexo não tem que existir no relacionamento, porém, em algum momento, até por razões fisiológicas, ele poderá não estar mais lá. Apoie-se na receptividade do outro, se você vai poder ser você sem medo de ser julgado; apoie-se na inteligência, na confiança, no caráter, no respeito, na lealdade e na forma como o outro lhe trata. Se isso tudo existe reciprocamente e traz paz, é nesse relacionamento que você deve pousar e criar raízes. Com esforço, procurando manter tudo isso, há que se empenhar para estar com quem amamos. Faz parte da vida. Alegre-se com suas escolhas, tome decisões acertadas, se esforce e tenha bom ânimo. E assim, goze com tudo o que produzir junto de quem você ama, construindo uma história com pedras no caminho, mas com muitas alegrias também.