“Mãe, na sua graça, é eternidade.” (Carlos Drummond de Andrade)
Rainhas de toda recomendação, de todo conselho e cuidados são as mães. Já pensou se as recomendações fossem seguidas por Chapeuzinho Vermelho? Definitivamente não teríamos conhecido o Lobo Mau e a menina teria ido pela estrada a fora que levava direto para a vovozinha. A falta de uma mãe e de seus conselhos foram fatais para João e Maria, que um dia acabaram deixados à própria sorte na floresta pelo pai e a madrasta. Desde sempre as mães estão nos aconselhando, ensinando, cerceando, exemplificando, cobrando, protegendo, cuidando e amando, as mães são as donas de todo e qualquer gerúndio. Há muitos milhares de anos, a mãe Gaia era festejada pelos gregos como divindade criadora e protetora de todos os deuses e dos mortais, foi ela que gerou o mundo e a humanidade e é ela que recebe também nosso corpo em seu último descanso – uma volta ao seio de Gaia. São seres divinos as mães; carregam dentro de si o encantamento de gerar um outro ser, de alimentar, nutrir, de fazer verter de seu próprio corpo o leite que sustenta sua cria. É bem mais que um ditongo decrescente essa palavra tão pequena, mas que representa tanto. Mário Quintana declarou: ‘Palavra tão pequenina, bem sabem os lábios meus que és do tamanho do CÉU e apenas menor que Deus!”. Palavra doce que nos embala, que nos socorre, pois “Mãe não tem limite, é tempo sem hora” como definiu Drummond. Há muitos Maios, eu tento, infrutiferamente, dar um presente para minha mãe. Já tentei roupa (e errei o tamanho), sapato, bolsa, perfume (que ela sequer usou), sabonete, comida, passeio, música, toca discos, …, mas nada a fez tão feliz quanto ser avó. Porque foi aí que ela teve a oportunidade de ser ainda mais mãe, de passar um verniz e renascer uma mãe 2.0 com mais maturidade e menos cobrança, … bem menos…. Avós não tem limites e são mães com açúcar. Eu gostaria de dar vida eterna para todas as mães, para que sigam cuidando, zelando e gerundiando o amor incondicional e transbordante. Gostaria que Erasmo Carlos regravasse a música em que o filho único vociferava: “Ei, mãe, não sou mais menino / Não é justo que também queira parir meu destino / Você já fez a sua parte me pondo no mundo /Que agora é meu dono, mãe / E nos seus planos não estão você.” Somos parte dos seus planos e suas âncoras na vida, segundo Sófocles. Nós somos a causa do seu sorriso, o motivo de suas orações, pois:
“Depois que um corpo
Comporta
Outro corpo
Nenhum coração suporta
O pouco” (Ruiz, Alice. Dois em um)
Vamos gerundiar o amor nesse e em todos os outros dias. Salve todas as mães!
Autora: Luciana Sant’Anna
Autores citados: Mario Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Erasmo Carlos, Sófocles, Alice Ruiz