“O amor de mãe por seu filho é diferente de qualquer outra coisa no mundo.” (Agatha Christie)
Só uma mãe para entender outra mãe. Isso é um fato irrefutável e, é exatamente por isso que, tantas vezes, as filhas escutam de suas mães: Quando você tiver seus filhos, você vai me entender…” Quem nunca? Eu mesma, em diversas situações (em especial na adolescência), me deparei com essa “sentença materna”, normalmente em decorrência de uma proibição por parte dela e inconformismo da minha parte. Me lembro como se fosse hoje, a sensação de achar um exagero (e até mesmo engraçado) não dormir enquanto eu não chegasse em casa à noite ou aquela lista interminável de conselhos e orientações a cada situação de minha vida. E eu nem fui uma adolescente rebelde! Pois bem, a filha cresceu, casou e virou mãe de dois filhos. E, como num passe de mágica, tudo fez sentido para mim. Da noite pro dia (ou, de um dia para o outro, como preferirem), passei a experimentar os mesmos medos, anseios, inseguranças. Fui tomada por um amor louco e incondicional que nunca imaginei ser capaz de sentir. Não dá pra explicar e, menos ainda, traduzir em palavras… Existe um ditado Judaico muito sábio (e encantador!) que diz mais ou menos assim: Como Deus não pode estar em todos os lugares, Ele criou as mães. Lindo, né? Mas eu sou suspeita para falar… Mãe é amor, dedicação, cobrança, contradição, apoio, insanidade, tudo isso junto e misturado. Amamos de uma forma que (eu juro!) chega a doer no coração. Ah, mas também aprendemos muito com os filhos e filhas. E essa troca é genial, ainda que, por vezes, dolorosa. Mães e filhos que se tornam, também, amigos e companheiros – nada mais especial e precioso do que isso. Assim é que nós, mães, também passamos a ter um novo olhar para as nossas mães… Nos tornamos cúmplices de um mesmo amor, que se multiplica nelas através dos netos! E aqui, um parênteses: nossa, não vejo a hora de ter meus netinhos… Mas, enquanto esse momento não chega, sigo cuidando e sendo cuidada pelos filhos maravilhosos que o Universo me deu. Ensinando e aprendendo com eles; aliás, hoje aprendo muito mais do que ensino. E, assim como eu cresci, na mesma proporção, minha mãe envelheceu e agora eu tenho a oportunidade de retribuir um pouco de tudo aquilo que ela me deu. Chegou a minha hora de cuidar, amparar, aconchegar. O jogo virou. E, um dia, vai virar para mim também. Quando chegar a minha vez, tenho a certeza (tenho mesmo!) de que eles também cuidarão de mim. Enquanto isso, sigo desfrutando dos prazeres e anseios inerentes à minha condição de mãe, cuidando dos meus filhos – eles estão crescidos sim, mas quem se importa? E, como tudo mundo já sabe, as mães não cabem em si, aliás, como diz o escritor norte-americano J. D. Salinger “As mães são todas um pouco insanas”. Eu diria que somos totalmente insanas, e com muito orgulho! Já ouvi em diversas ocasiões e creio ser um dito popular que ser mãe é padecer no paraíso. Mentira! Vamos do paraíso ao inferno em segundos, sem o menor pudor… E tem mais: somos uma classe unida! Tenho um grupo muito querido e divertido de amigos e amigas que, em sua grande maioria, não têm filhos e, em nossos encontros, volta e meia, surge um coro uníssono de resmungos sobre as mães, sempre em tom de desabafo mas também de brincadeira. Imediatamente, levanto bandeira de apoio à minha classe, defendendo a todas nós. Afinal, se as mães são todas iguais, só mudando de endereço (como eles dizem), os filhos também o são… E o mais engraçado é que antes de ser mãe, fui filha, mas não tem jeito, a mãe fala sempre mais alto… E eles que me aturem…