“O pouco para uns é muito para outros.” (Leonardo Campos)
O que é ser bom para você? Ou melhor, o que é bondade? Ou ainda o que é fazer o bem? Esses termos podem ser, e são, diferentes para cada um. Ajudar um velhinho a atravessar o semáforo pode ser uma atitude boa, mas ajudar pessoas de rua já gera uma discussão. E qual o sentido disso? Alguns dizem: “É melhor dar a vara e ensinar a pescar do que dar o peixe.” Acho que faz sentido, dependendo do momento e da condição. Se eu puder, eu faço, eu dou. Do contrário, vou até o meu limite. “O prazer de fazer o bem, é maior do que recebê-lo.” (Epicuro) Mas, confesso que, por vezes, não movo uma palha. Isso é de cada um. Uns fazem sopões, outros distribuem os sopões e muitos só doam os mantimentos do sopão. Tem quem ajudou mais? Creio que não! Cada um fez sua parte no que lhe convinha e podia e assim todos ajudaram e muitos foram ajudados. Foi ensinado a fazer a sopa? Nunca vi acontecer. E nem assim uma atitude é menos louvável que a outra! “O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá.” (Madre Teresa de Calcutá) Conheço pessoas boas, mas não são clichês. São boas mesmo! De coração!. Ajudam porque gostam e fazem por amor às suas convicções e não para se usar disso de modo exibicionista nas redes sociais. Ajudam amigos, ajudam vizinhos e até desconhecidos. Se metem em enrascadas e nem por isso deixam de fazer o bem. Obrigação religiosa? Talvez?! Só que não! Ainda que aprendamos com Chico Xavier que “a caridade é um exercício espiritual… Quem pratica o bem, coloca em movimento as forças da alma”, a bondade vem da criação, também, mas na maioria das vezes a personalidade já está predisposta. “Me esforço para ser melhor a cada dia. Pois bondade também se aprende.” (Cora Coralina) Afinal, nas palavras de Santo Agostinho: “Aquele que tem caridade no coração tem sempre qualquer coisa para dar.”. Vejo crianças partilhando o lanche sem que ninguém as tenha ensinado. Isso é ser bom para elas? Ou fazer o bem? Não vejo aí algo calculado, uma intenção de ser bom ou fazer o bem, mas sim uma atitude natural. Faz bem para elas ter seu amiguinho compartilhando do seu lanche, livre de obrigações e convicções. Às vezes temos que levar em conta que o que é bom para mim pode não ser bom para alguns. Muitos indivíduos já se acostumaram a viver nas ruas. Têm família, tiveram amigos e conhecidos. Mas por algum motivo pessoal, nem sempre financeiro, decidiram levar essa vida. Aí a ajuda não é só dar suprimento alimentar, mas trazer de retorno à dignidade; ouvir a sua história; dar uma oportunidade de expressão. Foi o caso do morador de rua Eugênio Ramos Gianetti, poeta descoberto em São Paulo pela bibliotecária Luciana Maria Florindo. Com o apoio da bibliotecária, ele conseguiu publicar seu “Zoobreviver”. Diz ele: “Para mim é bonito pensar que uma pessoa se importou com a obra, os poemas de outra pessoa, que tentou ajudá-lo a encontrar uma editora.” Essa é a ideia de se fazer o bem! Acontece, por exemplo, algo muito parecido com idosos em asilos. Só querem trocar um papo e reviverem, sem se darem conta, suas aventuras da juventude. “Não devemos permitir que alguém saia da nossa presença sem se sentir melhor e mais feliz.” (Madre Teresa de Calcutá) Tá vendo como o assunto é relativo? Então não se sinta incomodado de ter feito pouco se você fez o que podia. Só faça! “A verdadeira caridade só ocorre quando não há a noção de dar, de doador ou de doação.” (Buda) O pouco para uns é muito para outros. “Cada um dá o que tem no coração. Cada um recebe com o coração que tem.” (Oscar Wilde)
Autor: Leonardo Campos, Fernando Sá, Adriana Abud
Autores citados: Epicuro, Madre Teresa de Calcutá, Chico Xavier, Cora Coralina, Eugênio Ramos Gianetti, Buda, Oscar Wilde