“Transforme aquelas pequenas centelhas de possibilidade nas chamas de uma realização concreta.” (Golda Meir)
A pandemia trouxe várias questões da sociedade mundial à tona. Entre muitas, a necessidade de se reinventar para sobreviver foi uma delas. Várias pessoas ficaram desempregadas ou tiveram a renda reduzida nesse período. Se vendo sem saída, muitos empreenderam em novos negócios. Nível de escolaridade e posição social não fizeram diferença nessa hora. Todos tendo que dar um jeito. Vergonha de vender cosméticos, de preparar marmita para fora, de fazer bolo para festas? Não é hora disso. A hora é de arregaçar as mangas e colocar em prática o plano B. Mas como iniciar um negócio autônomo quando não se tem noção do que é empreender? A falta de um ensino com foco no empreendedorismo por si só já dificulta as iniciativas nesse campo de crescimento econômico que mais cria postos de trabalho. Conceitos e práticas de inovação são absolutamente desconhecidos dos estudantes brasileiros nos diversos níveis escolares, e eles acabam crendo que a solução de trabalho são cursos universitários que precedam a concursos públicos – uma realidade que se modificou ao longo de poucos anos. O mais grave é que este hiato educacional inviabiliza mais do que simplesmente empreender e inovar, pois ele não traz profissionalismo à gestão dos negócios. O caso de um alemão que, com formação média técnico-profissional de marceneiro, não podia gerir a marcenaria da família quando o pai faleceu, fez lembrar a seriedade do tema em outros países. Como herdeiro, ele poderia ser sócio capitalista da empresa (marcenaria), mas não seu gestor. A gestão da empresa exigia um diploma universitário adequado ou uma formação técnico-profissional na condição de mestre (“Meister”). Assim, ele voltou ao ensino médio, para conclusão de mais dois anos que permitiriam alcançar a condição de mestre. Suas disciplinas? Direito do consumidor e do trabalho (relacionamento com clientes e empregados), pedagogia (relação com aprendizes), administração (questões de gestão, RH, liderança, análise de mercado, …), contabilidade, inovação e empreendedorismo, … Isso mesmo, empreendorismo! Por isso, a Alemanha é uma potência! Há educação, inclusive de nível médio, para formatação de um gestor profissional, que possa empreender e inovar. A educação envolve o saber e o fazer de forma profissional. Não há lugar para amadorismo na economia que quer ser competitiva. Mas o momento em que vivemos vem exigindo ainda mais de nós; exige a coragem de nos reinventarmos e buscar, dentro de nós, habilidades e criatividade que, por vezes, nem imaginávamos possuir. E, deste modo, buscando sobreviver e sustentar a nós e a nossas famílias, nos despimos de eventuais pudores ou orgulho e arregaçamos as mangas em busca de novas oportunidades. As dificuldades são muitas, até mesmo em razão desta nossa falta de preparo e educação para tal, mas nossa perseverança e instinto de sobrevivência nos impulsiona e não nos deixa desistir. Quando nos damos conta, instintiva ou conscientemente, estamos empreendendo, trabalhando e atuando em outras áreas, algumas conhecidas apenas para aqueles que as experimentam ou outras absolutamente inusitadas, fruto deste exercício da criatividade e impulsionado, também, pela necessidade. E o brasileiro é mestre nesta arte de inventar e “se virar”. Perder a esperança? Nunca! Deixar de sorrir? Jamais! Desistir? Nem pensar… Aliás, o bom humor é também um ótimo aliado nessa empreitada. Juntando todos esses ingredientes, buscamos novos ou antigos mercados, acreditando e batalhando por dias melhores. Afinal de contas, todo trabalho é digno, pouco importando quem o faz e o que faz – um engenheiro dirigindo Uber; uma professora vendendo bolo; um advogado fazendo entregas…. Existe um sábio dito popular que bem reflete o momento em que vivemos: a vida é uma roda gigante, um dia se está em cima e em outro, se está embaixo (mais ou menos assim). E é por aí mesmo! A crise existe, afetou a muitos e não há perspectiva de melhora a curto prazo. Então, sigamos em frente, buscando alternativas para sobreviver e melhor viver, sem perder a ternura ou a esperança em dias melhores que, mais cedo ou mais tarde, virão!
Autores: Fernando Sá, Leonardo Campos, Marcia Siqueira