“… mas precisei uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças“ (Pablo Picasso)
Nunca tive ídolos, mas Pablo Picasso sempre me chamou a atenção. Não são o sucesso, a riqueza e a fama que trazem dele emoção a mim. Picasso era intenso; eu também. Intenso no trabalho, nos sentimentos, no viver. Ele citava uma frase quixotiana de Cervantes que dizia que seu descanso era a batalha. Como me reconheço! Mas, as batalhas podem mudar com o tempo. Desde jovem, sempre amei as artes e a cultura; fui curioso sobre as pessoas e as relações; busquei entender causas e consequências. Neste rio, que me levava, estudar era o óbvio, mas não me eram óbvias as expectativas que geraria em relação a mim e que eu incorporei. Culpa de ninguém; só minha! “O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você.¨ (Sartre) De repente, eu já não pintava, não lia de forma abrangente, me restringia culturalmente, renegava qualquer espiritualidade, pois havia uma carreira para o sucesso pessoal e econômico, que era a essência de ser, do meu ser. A seguir, ficaram em segundo plano a família e os amigos, pois já não havia tempo, somente trabalho, viagens, algumas eventuais badalações caras e muita solidão acompanhada. Muitos diriam ser uma boa vida. Talvez?! Mas vazia! Ao menos, preservei o caráter e a integridade. Mas, como se diz popularmente: Quando não se aprende pelo amor, se aprende pela dor! Verdade verdadeira! A integridade me tirou a carreira corporativa e a perda da saúde me trouxe a sanidade, mas esta é uma outra história… Relembrando Madame Lispector: “Que ninguém se engane, só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.” Também a terapia teve papel importante. “Somos feitos de carne, mas temos de viver como se fôssemos de ferro.” (Sigmund Freud). Voltei a desenhar como criança e reencontrei a simplicidade, que sempre me foi prazerosa. Se não voltei à pintura – mesmo porque sempre me achei muito acadêmico -, por outro turno, reencontrei a literatura, me afogo na filosofia – às vezes no vinho também, me dedico aos amigos e à família, busco apoiar ações sociais, frequento sempre cinema, teatro e exposições, empreendo em projetos pessoais, cozinho, recebo amigos, me entrego às minhas plantas,… A intensidade na simplicidade construiu meu caminho para uma vida boa (harmônica e feliz). A vida boa que apreendi com a obra de Luc Ferry é meu alvo. Tudo é perfeito? Não! Nem nunca será! Mas tenho mais a agradecer que a reclamar. Tenho empatia e compaixão para entender que meu jeito simples é privilegiado diante de uma sociedade tão injusta. Não por outra razão, tento trabalhar para uma sociedade melhor dentro das possibilidades que tenho. Minhas metas são melhores hoje. Meus sonhos são mais bonitos hoje. Meu riso é mais verdadeiro hoje. A felicidade não é permanente, mas momentânea. Se não o fosse, como saberíamos a dor da tristeza? Como a normalidade requer, às vezes sou feliz, outras vezes triste, por vezes angustiado, de quando em quando ansioso, muitas vezes pleno, poucas vezes desmotivado, … mas sou sempre intenso. Já até me acusaram disso (ser intenso), sem perceberem que apenas, talvez pela primeira vez, haviam me enxergado de verdade. “Eis o melhor e o pior de mim/No meu termômetro o meu quilate/Vem, cara, me retrate/Não é impossível/Eu não sou difícil de ler/Faça sua parte/Eu sou daqui, eu não sou de Marte” (Tribalistas). Eu sou, hoje, o caleidoscópio que sempre quis ser, para, sem preconceitos, entender o máximo do que pode ser entendido, ainda que não concordando com tudo. “Os deuses não devem ser temidos; a morte não pode ser sentida; o bem pode ser conquistado; o que tememos pode ser vencido.” (Luc Ferry) A vida nunca foi tão boa.
Grande reflexão. Como costumam dizer “Deus escreve certo por linhas tortas”… Mas tortas não significam erradas… São apenas mais difíceis de entender. Que todos nós possamos carregar o anseio de Picasso no coração…
Obrigado amigo e querido colaborador Waldir pelo carinho e incentivo! Sua contribuição tem sido muito valiosa ao nosso Projeto. Continue nos seguindo e compartilhe com os seus amigos.
Nada melhor que reencontrar a si mesmo.
Concordamos plenamente com você, Heloisa. Obrigado pela sua participação. Continue nos seguindo e compartilhe com os seus amigos.
Grande reflexão. Como costumam dizer “Deus escreve certo por linhas tortas”… Mas tortas não significam erradas… São apenas mais difíceis de entender. Que todos nós possamos carregar o anseio de Picasso no coração…
E sua intensidade também! Obrigado Maurício por caminhar junto com a gente neste Projeto! Continue nos seguindo e compartilhe com os seus amigos.
Lendo este lindo texto do amigo Fernando, tenho a cena de um espelho a refletir um reencontro com seu verdadeiro “EU”,
Parabéns!!!
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