“Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.” (Clarice Lispector)
Quando criança, recebíamos em casa o “JORNAL DO BRASIL”, um periódico considerado mais isento e cheio de articulistas e cronistas que, certamente, influenciaram minha paixão pela literatura. Nele se lia Drummond, Romano de Sant`anna, … Foram naquelas páginas de papel jornal, com tipografia preta, que encontrei essa mulher. E ela me tomou na tenra idade, e já não mais vivi sem ela. A visão de hoje já não é a do menino apaixonado pelas crônicas, mas de alguém que, ainda apaixonado, leu toda sua obra. Hoje, entendo que essa mulher se tornou parte daqueles seres iluminados que deixaram a literatura, para serem preciosos à filosofia, como Camus ou Dostoiévski, e cujas obras também me carregaram pela vida. Cem anos de seu nascimento e sua atualidade é inequívoca, como acontece com os gênios. Essa mulher clara e cristalina só poderia ser Clarice … Clarice Lispector. Com o tempo fui descobrindo coincidências entre nós, como o mesmo curso universitário e na mesma faculdade, ou a preferência por um autor comum, … Iniciei o namoro com a mulher que mais me marcou ao assistir “A hora da Estrela”, de Suzana Amaral, baseado em obra de Clarice. Em diversos momentos importantes da minha vida caberiam frases de Clarice. Quando eu disse não ao que era errado, independente do assédio que iria sofrer, lá estava ela (“Tenho meus limites. O primeiro deles é meu amor-próprio.”). Quando descobri que nem sempre os sentimentos reais são os sentimentos declarados, eu poderia citar Clarice (“Já chamei pessoas próximas de “amigo” e descobri que não eram… Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.”). No meu jeito apaixonado, sou Clarice (“Quando você diz “Eu te amo”, está fazendo uma promessa com o coração de alguém. Tente honrá-lo.”). Na minha necessidade momentânea de solidão reflexiva, lembro dela (“Fique de vez em quando só, senão você será submergido. Até o amor excessivo dos outros pode submergir uma pessoa.”). Quando me vejo indo além do que planejei, buscando mais do que previra, sonhando além do razoável, eu sou as palavras da Sra Lispector (“O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.”). No meu jeito de ser, na minha busca por não ter preconceitos, na minha visão de igualdade das pessoas e respeito por elas, lembro de seu ensinamento: “A felicidade aparece para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam em nossa vida.” Nas lágrimas que surgem, seja ao assistir “Missa para Clarice”, com a monumental atuação de Eduardo Wotzik, seja na incorporação feita por Beth Goulart em peça teatral, está Clarice. Diretamente falando com ela: eu também, por vezes, não me alcanço, Clarice (“E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior do que eu mesma, e não me alcanço.”)! Se fosse capaz de escrever uma ode de amor a você, Clarice, ela se iniciaria com um pedido de desculpas, parodiando você (“Se eu errar que seja por muito, por amar demais, por me entregar demais, por ter tentado ser feliz demais.”). Você está certa, Clarice! Há a necessidade de sempre nos repensarmos; eu aprendi com você e tento ser “… a primavera que renasce cada dia mais bela… Exatamente porque nunca são as mesmas flores”. Imagino o prazer do seu convívio, cheio de maneirismos, ao ouvir Marina Colassanti contar a história de um jantar feito em sua homenagem. Da mesma forma, percebo a riqueza de ambiente no seu estar com tantos artistas, que hoje, desconhecidamente, nomeiam as ruas do bairro em que moro, como Genaro de Carvalho. Mas, acima de tudo, vou levando a vida a me espelhar em suas palavras, quando diz: “Até onde posso, vou deixando o melhor de mim. Se alguém não viu, foi porque não me sentiu com o coração.” Obrigado, por estar em mim e ser parte do que me fez ser quem sou, Clarice!
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Clarice Lispector, Carlos Drummond, Afonso Romano de Sant`anna, Albert Camus, Fiodor Dostoiévski, Suzana Amaral, Eduardo Wotzik, Beth Goulart, Marina Colassanti, Genaro de Carvalho
Não consegui Conter a Emoção diante desse primoroso depoimento. Sinto Clarice assim, dentro de mim. Tive o prazer de assistir a Monumental Beth ao teu lado. Viva Clarice e que ela viva dentro de nos.
Luciana, a semana Clarice Lispector tem essa intenção de reverenciá-la, divulgá-la e mantê-la sempre viva! Obrigado pela sua participação. Continue nos seguindo e compartilhe com os seus amigos.
Não consegui Conter a Emoção diante desse primoroso depoimento. Sinto Clarice assim, dentro de mim. Tive o prazer de assistir a Monumental Beth ao teu lado. Viva Clarice e que ela viva dentro de nos.
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