E AGORA É NATAL. O TRIUNFO DA ESPERANÇA SOBRE A EXPERIÊNCIA. FELIZ NATAL!
“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.” (Ariano Suassuna)
O ano de 2020 está sendo realmente “complexo”. É!!! Aqui cabe o gerúndio já que ele ainda não acabou. Mas aos trancos e barrancos, chegamos em dezembro… e com ele, vem o Natal. Sabido é que a data carrega alguma polêmica, posto que muitos comemoram (pelos motivos certos e pelos errados) e outros não comemoram, com ou sem motivos. Mas é um momento que não passa despercebido. E diante deste fato, sempre me pego pensando de forma retrospectiva. Nessas horas, a primeira coisa que me vem à cabeça é um filme do Frank Capra chamado “A felicidade não se compra”. Sim, eu sei que a maioria vai lembrar da versão de 1946, mas a versão a que assisti pela primeira vez foi um “remake” chamado “Aconteceu no Natal”, de 1977, com Marlo Thomas fazendo o papel que coube a James Stewart nos anos 40. Essencialmente, a mesma história, com direito a Orson Welles no papel do banqueiro Henry F. Potter… Imperdível! A história, sem medo de dar “spoiler”, fala do dilema enfrentado pela personagem Mary Hatch (Marlo Thomas) ante a falência iminente de seu negócio, uma casa de empréstimos que tinha foco no apoio a pequenos negócios, provocada pelo personagem de Welles, que queria destruir a empresa desde os tempos do pai de Mary. O dilema da protagonista podia ser descrito na seguinte pergunta: “Seria o mundo melhor se ela não tivesse existido?” E o anjo da guarda Clara passa a parte final do filme mostrando à Mary como seria o mundo sem ela. Lembro agora de outra obra que marca minha lembrança nesta época… falo do livro “Um conto de Natal”, de Charles Dickens. De tão clássico, já ensejou versão da Disney, com o Tio Patinhas interpretando o rabugento Ebenezer Scrooge. Duas obras e tantas lembranças… e então me ocorre que ambas têm um ponto em comum, ao focarem no Natal e seu impacto ao longo do tempo. Como o Natal nos marca na sequência dos anos? Olhando para minha história, percebo, como na obra de Dickens, três momentos distintos que gostaria de nomear, sequencialmente, como “Inocência”, “Experiência” e “Esperança”. Na primeira fase, ainda sem vícios e com todas as possibilidades pela frente, os natais se apresentavam como um momento de alegria, de congraçamento e confraternização, ainda sem grandes responsabilidades além de me preparar para as que ainda viriam. Essa despreocupação justifica a nomeação da etapa, pois o idealismo contido no nascimento de Cristo dominava a cena e ainda não éramos capazes de antever o que nos esperava. Já a segunda fase, que ocorre simultaneamente à constituição de minha família, traz uma série de constatações perturbadoras. Todo um mundo real, de natureza pouco inspiradora, reforçava meus questionamentos sobre o mundo que eu estava construindo para minha filha. Tantas dúvidas! Será que daria certo? E mesmo os natais passaram a trazer inúmeras incertezas, como ranços familiares se formando e a perda da magia da confraternização. A essa fase eu resolvi denominar Experiência. E eis que, após anos achando que a Terra era realmente um lugar para corações duros, minha filha me transformou em avô, através do nascimento de dois lindos netos: Daniel e Pedro. Hoje, vislumbro uma nova fase em minha relação com o Natal em que recobrei a fé e a crença de que não estamos completamente perdidos. Ver como as crianças lidam com essa data reacendeu a ideia de que o homem tem salvação. E por isso chamo esta nova fase de Esperança. Desta forma, aprendi, através de minha vivência em três tempos que, lá no fundo, a esperança até pode morrer, mas certamente será a última dentre tudo o que existe. Como diria Charles Dickens “Feliz, feliz Natal, que nos traz de volta as ilusões da infância, recorda ao idoso os prazeres da juventude e transporta o viajante de volta à própria lareira e à tranquilidade do seu lar”. Deixe o Natal invadir você, sem ressalvas ou reservas… Você não irá se arrepender.