“Eu nunca estou satisfeito com coisa nenhuma. Sou perfeccionista, é parte de mim.” (Michael Jackson)
Constantemente, ouvimos falar que alguém não tem limites ou que estão desrespeitando nossos limites. Na verdade, o que tem limite é o que foi demarcado, e o que foi demarcado teve de ser medido. Esse assunto – tão bem explorado por Anselm Grün (“A arte de encontrar a medida certa de viver”) – é muito mais profundo do que parece. Ele vai além do “coaching” e da “autoajuda”. Desculpem, aqui, o ar preconceituoso, mas acredito que a vida boa se alcance pelo conhecimento da essência própria e não de fórmulas comportamentais. Grün faz toda uma explanação a partir da etimologia das palavras no idioma alemão, e demonstra como a medida e limites, para o equilíbrio, importam à filosofia, a diversas religiões e à psicanálise, por exemplo. O conceito do equilíbrio está embutido em orientações desde o Caibalion, o Encheiridion, o Novo Testamento, A Regra de São Bento, … Ou seja, tudo tem uma medida que deve ser respeitada no alcance do equilíbrio. Quando vamos aquém ou além, estamos sendo desmedidos e, consequentemente, desequilibrados. O desequilíbrio nos afasta da vida boa. Essa medida que devemos ter é pessoal e depende do conhecimento de nossa essência (sentido original da nossa vida). Nos conhecendo, saberemos qual a medida que devemos ter no pensar e no agir. Importante vermos que, mesmo as virtudes quando desmedidas, se tornam um vício, pois há desequilíbrio por um agir desmedido. O desequilíbrio tem por fruto a insatisfação e a ansiedade, que talvez sejam os maiores males do mundo atual. Esse comedimento que a vida em justa medida exige não envolve apenas aspectos morais, mas nos encaminha de uma vida saudável para uma vida valiosa. São Bento dizia que a vida desmedida sempre leva à ruína. Schmid-Bode fala, no aspecto médico, sobre a vida moderada que é boa, pois afasta a sobrecarga que nos é imposta ou que nos impomos. E chegamos, então, ao problema do perfeccionismo. E o perfeccionista tem um duplo efeito: aquilo que ele causa a si e aquilo que ele causa ao outro. As expectativas do perfeccionista em relação aos outros são de que sejam perfeitos (como ele – padrão), sem se preocupar com a medida individuada de cada um. Lembro de uma frase de Lichtenberg: “Eu a desenhei de um modo que ela poderá encontrar o corpo no dia do Juízo Final.”. O perfeccionista não respeita a diversidade, pois seu padrão deve ser o padrão de todos. EM Cioran diz que “a genialidade consiste no poder de digerir as influências até que elas desapareçam sem deixar rastros”. Falta genialidade ao perfeccionista. Falta a ele a “discretio” – capacidade de discernir sobre os opostos e seu equilíbrio. O termo perfeccionismo vem do latim “perficere” (executar), o que já indica que o perfeccionista está mais para o autômato que para o criador. Geralmente, ele crê que o ócio é um pecado e a superprodutividade um modelo. Ou seja, ele crê no desequilíbrio, naquilo que é desmedido (superprodutividade), enquanto nega o descanso (ócio). Devemos ter medida para o trabalho, mas também para o ócio. Jesus, consoante São Mateus, falava sobre o descanso das almas, pois seu jugo é suave e seu peso é leve (Mt 11, 29-30). Deus descansou após a criação! Vende-se o conceito do foco do perfeccionista, mas, muitas vezes, como qualquer desmedido, ele perde o senso e não consegue mais discernir entre o relevante e o irrelevante. Atentem à quantidade de reuniões desnecessárias que ocorrem nas organizações e empresas. Essa visão revolucionária do perfeccionista nas empresas é parte do conflito que Luc Ferry expõe sobre visão e ideal do capitalismo (estabilidade x mudança). Mas voltando a questão: o quanto o perfeccionismo não envolve o medo de rejeição, o medo da crítica, a falta de centro, a incapacidade de viver a intensidade de cada instante, ser infalível, …? Mas, certamente, o perfeccionismo não é ferramenta de obtenção de autoestima. Pois se a resposta é sim à pergunta feita, o perfeccionismo é consequência da insegurança, da falta de autoconhecimento (conhecimento da própria essência) e de um agir desmedido – causas. Outro problema do perfeccionista é que a imposição de seu padrão exige força, o que faz dele agressivo e rigoroso, mesmo que, na sua origem, haja gentileza e bondade. Perfeccionismo significa controle, que esconde medo e faz impensável a possibilidade de renúncia. Freud diz que “quem nunca consegue renunciar tampouco é capaz de desenvolver um eu forte”. Principalmente, o perfeccionista anseia pelo medo da culpa por errar. Falta ao perfeccionista a humildade que é “ficar com os pés no chão” (Bleib mal auf dem Teppich). Não só no perfeccionismo, mas em tudo que seja desmedido falta a “moderação sábia”, que, segundo São Bento, é a mãe de todas as virtudes. “Quando queremos ser perfeitos, extrapolamos nosso limite. Pois na condição de seres humanos, permanecemos sempre incompletos, sempre a caminho. Sempre podemos continuar crescendo em algum aspecto.” (Anselm Grün)
Autor: Fernando SáAutores citados: Michael Jackson, Anselm Grün, São Bento, Schmid-Bode, Lichtenberg, Cioran, Jesus Cristo, São Mateus, Luc Ferry, Freud
Realmente acho o equilíbrio a chave de tudo!
Eu pessoalmente, quando acho um assunto importante, dou o máximo de mim para analisá-lo! Os não relevantes, relaxo
Perfeccionismo é um assunto complexo
Depende da personalidade de cada um
Todo o excesso é nocivo , assim como o pouco caso também o é
Que tentemos sempre nos policiar , para manter atitudes saudáveis sempre
Nunca julgar alguém, e nunca ter preconceito sobre nada é o segredo!
Gostei muito do conceito analisado pelo autor!
O conceito da justa medida de ser como sinal da busca da vida boa. Um conceito que está na base de todas as religiões e principais escolas filosóficas, mas sobre o qual os homens marcham desatentamente. Obrigado pelo comentário, Maria. Continue nos seguindo.
Realmente acho o equilíbrio a chave de tudo!
Eu pessoalmente, quando acho um assunto importante, dou o máximo de mim para analisá-lo! Os não relevantes, relaxo
Perfeccionismo é um assunto complexo
Depende da personalidade de cada um
Todo o excesso é nocivo , assim como o pouco caso também o é
Que tentemos sempre nos policiar , para manter atitudes saudáveis sempre
Nunca julgar alguém, e nunca ter preconceito sobre nada é o segredo!
Gostei muito do conceito analisado pelo autor!
O conceito da justa medida de ser como sinal da busca da vida boa. Um conceito que está na base de todas as religiões e principais escolas filosóficas, mas sobre o qual os homens marcham desatentamente. Obrigado pelo comentário, Maria. Continue nos seguindo.