“Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo.” (Eça de Queiroz)
Se você pensa que a frase de Eça é verdadeira, mas um tanto deselegante, podemos lembrar o poeta Carlos Drummond de Andrade: “Uma eleição é feita para corrigir o erro da eleição anterior, mesmo que o agrave.”. Pois é, vem eleição aí! O que deveria ser a festa da democracia acaba sendo mais um pesadelo para os brasileiros. A gama de candidatos duvidosos sob as óticas moral, ética e jurídica é tamanha que a eleição lembra a casa dos horrores. E, nesse rol nauseante, têm políticos experientes e estreantes. Augusto Branco lembra que o “Brasil possui uma falsa democracia. Menos de 10% dos deputados são eleitos pelo voto direto. Mais de 90% é eleito pelo voto de legenda. O povo brasileiro está levando uma rasteira há muito tempo.”. Ou seja o candidato cantor, ator, pastor, …, que seja um ícone pela mídia (qualquer que seja seu canal) arrasta uma série de candidatos que possuem no máximo os votos seu e de sua família. Representatividade? Essa é a hora da risadinha. Você pode tentar não legitimar o processo pelo voto nulo ou em branco. E não há nenhuma alienação política nisso! “Por um voto em branco, você está dizendo que você tem uma consciência política, mas você não concorda com qualquer um dos partidos existentes.” (José Saramago). O grande problema é que fazemos uma idealização de eleitorado. E isso se agrava, quando as redes sociais se tornam as armas eleitorais com todo o ódio e fakenews que perpassam. Isso me faz concordar quando Pondé diz que elas privilegiam o populismo e desqualificam a democracia representativa. Lembra da famosa frase: “Brasileiro não sabe votar!”? Ou quando dizemos “Como votaram nesse sujeito?”? Como morador do Estado do Rio de Janeiro, essas frases são do cotidiano. Pois é! A grande questão é que os eleitores que gostaríamos que fossem a massa eleitoral sequer existem. Pondé enxerga que “o perfil de quem se ocupa de fato com política é restrito a três tipos: profissionais de mídia e academia, políticos profissionais e militantes políticos cheios de viés ideológicos”. E ele tem razão, pois o resto da população está tentando sobreviver ao seu dia a dia, com o salário que ficou curto para educar filhos, pagar planos de saúde, manter o carro, … Em regra, serviços que não são adequada e eficientemente prestados pelo Estado, ainda que sejam constitucionalmente serviços públicos. Por seu turno, aqueles três grupos trabalham em desfavor da democracia, pois, ao contrário de ampliar o debate, buscam reduzir as questões para manipular a situação eleitoral. O que não podemos é permitir que esta conjuntura piore sensivelmente a ordem social e política do país, como vem acontecendo. E a crença em uma sociedade que votará a partir de uma “consciência política crítica”, não passa de fetiche, como bem demonstra Pondé. Ludwig von Mises faz diversas reflexões sobre o assunto, e lembra que o “primeiro requisito para uma ordem social melhor é o retorno à liberdade irrestrita de pensamento e de expressão”. Mas, seguindo… OK, você não acha bom para a democracia voto nulo ou voto em branco! O que fazer então? Vou oferecer uma sugestão. A “Data Science” indicou recentemente, sobre o uso do Google, que, nele, a maioria das mulheres busca saber como clonar os telefones de maridos, amantes e namorados com medo de infidelidade, enquanto a maioria dos homens tenta descobrir receitas mágicas para crescimento de seu órgão sexual. Vamos fazer diferente! Vá no Google e coloque entre aspas o nome completo dos candidatos a cargos eleitorais (“fulano”) e faça a busca (enter). (De cara você já terá excluído esses candidatos pouco sérios com seus apelidos grotescos, deselegantes ou meramente idiotas.) Você saberá de todo o histórico daquele que pleiteia seu voto, bem como de suas possíveis relações e os interesses que representa. Ao votar, você oferece um mandato eletivo. O candidato é seu representante. Ou seja, você passa uma procuração ao candidato. Na sua vida, você daria procuração a um ladrão, a um assassino, a um misógino, a um pedófilo, a um corrupto, a um racista, …? Não? Então, não vote em candidatos assim. Se não podemos pensar no todo, pensemos na nossa ética individual com relação a quem permitimos que nos represente. O escritor Elias Murad dizia que o “Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo.” Esse povo agora tem insônia ou faz turnos para a prática de más ações. Afinal, os “políticos não conhecem nem o ódio, nem o amor. São conduzidos pelo interesse e não pelo sentimento” (Philip Chesterfield). Os homens de bem precisam fazer sua parte contra o avanço do mal. A agonia política dividiu a nação e não permite nossa reconstrução. Por que me preocupar? Citando novamente o poeta Carlos Drummond de Andrade: “A ignorância, a cobiça e a má fé também elegem seus representantes políticos.” A ignorância, a cobiça e a má fé têm sido bem mais eficientes que os homens de bem, em matéria eleitoral, neste país.
Autoria: Fernando SáAutores citados: Eça de Queiroz, Carlos Drummond de Andrade, Augusto Branco, José Saramago, Luiz Felipe Pondé, Ludwig von Mises, Elias Murad, Philip Chesterfield
Importante momento que entremos é o de votar !
Primeiro, os candidatos deixam muito a desejar e segundo, seus comprometimentos feitos em Campanha , raramente são cumpridos
Felizmente, temos a prerrogativa de não reelege-los
De qualquer forma, votar é um exercício de cidadania e Democracia
Maria, talvez as pessoas não tenham ainda consciência do valor do seu voto, e sim de seu preço. Nos cabe fazer todos refletirem e repassarem essa reflexao. Continue nos acompanhando. Você e seus comentários são mais que benvindos.