Quem aí tem medo da morte? Eu nunca tive. Me relacionei com o assunto poucas vezes. Nunca quis chegar perto. Mas não era por medo não, era respeito. Fui poucas vezes a um enterro. Preferia não ir, mas se fosse, tinha que ser já no final, quando todos estavam indo embora. Queria ter meu momento sozinho de canal aberto para me comunicar. Não fui em vários. Pode ser que algumas pessoas tenham me criticado por essa ação, mas não me importo. Me comuniquei da mesma forma com quem interessava. Hoje, vejo que muitos têm medo até de falar em morte. MORTE! Pronto, falei! Outros não querem se despedir para ter a memória do ente ainda vivo, cheio de energia. Eu não acho isso saudável. Temos que viver o luto. Chorar, gritar, espernear, festejar! Se tais rituais não forem feitos, alguma coisa vai ficar distorcida, mal resolvida. Como disse Victor Hugo: “A vida não passa de uma oportunidade de encontro; só depois da morte se dá a junção; os corpos apenas têm o abraço, as almas têm o enlace.” Assim, penso que podemos agir de três formas diante do luto: com apego, com culpa ou com saudação. Quando dizemos: Ah, perdi meu irmão! Perdi meu pai! Perdi meu amigo! Meu? Isso pra mim é apego. Deixa ele ir! Ninguém é de ninguém. Chegou a hora e o dever dele foi cumprido. Não se apegue. Criar essa energia em volta do ente que se foi só vai dificultar a passagem dele. Relaxe, um dia você vai também, disso eu tenho certeza. Agora, pior é ficar se lamentando: “Ah se eu tivesse dito que amava”, “Ah se eu não tivesse trabalhado até mais tarde”, “Ah se…” Pára com isso já! Você fez o que tinha que ter feito e não disse o que não tinha que ser dito. Já foi! Passado não volta! Aja diferente agora com quem ficou, mas não fique remoendo o que passou. Nada vai mudar! Você só vai se afundar na depressão, na angústia de um perdão impossível de ser, agora, pessoalmente requerido. Peça desculpas em vibração e siga em frente. Aonde quer que esteja seu ente amado, ele já compreendeu, melhor do que você, tudo o que se passou. Confie! “Creio que será permitido guardar uma leve tristeza, e também uma lembrança boa; que não será proibido confessar que às vezes se tem saudades; nem será odioso dizer que a separação ao mesmo tempo nos traz um inexplicável sentimento de alívio, e de sossego; e um indefinível remorso; e um recôndito despeito.” (Rubem Braga) A outra forma de agir é saudando quem se foi. Não tem forma mais bonita do que essa! Cante, dance, beba, festeje! Tribos indígenas fazem festa para celebrar quem fez a passagem em uma bela homenagem. É assim que tem que ser! Lembrar de uma forma feliz e desejar um bom retorno para a energia cósmica do universo. Não tem coisa melhor do que retornar para o lar. Então, não se lamente. Se puder, veja o corpo em seu último descanso. Faça o luto na forma de sua crença. Siga o ritual! Mas não se demore; apenas chore e se recomponha. A vida segue para você, assim como segue para ele. Seu ente querido só está em outra jornada. Acenda uma vela, leve flores ao cemitério, cubra os espelhos, mas não deixe de viver o luto. Afinal, como ensina Lya Luft, “cada perda tem sua hora de acabar, cada morto seu prazo de partir, e não depende muito da vontade da gente”. Saiba que ninguém está só nesse momento e para qualquer um, a vida nunca tem fim.
Autor: Leonardo Campos
Autores citados: O Rappa, Victor Hugo, Rubem Braga, Lya Luft
É bem assim… precisamos valorizar, compreender, conviver e Respeitar aqueles com quem relacionamos, enquanto vida, aqui, tiverem. Pois, se a Convivência foi Respeitosa e Saudável, a despedia e O Desapego Será menos Doído…
Leonardo, Parabéns pelo texto.
Grato por seu comentário, Julio. A reflexão, o repensar e o saber sãos os focos do Projeto OmnisVersa. Com eles temos a base da convivência respeitosa e saudável.
Uma lição de vida! É por aí mesmo…Procuro fazer tudo agora é sempre para que, quando tiver que ser, fique só a saudade….
Obrigado pelo comentário, Marcia. Omnisversa conta com sua colaboração enquanto projeto de busca de uma vida boa.
É bem assim… precisamos valorizar, compreender, conviver e Respeitar aqueles com quem relacionamos, enquanto vida, aqui, tiverem. Pois, se a Convivência foi Respeitosa e Saudável, a despedia e O Desapego Será menos Doído…
Leonardo, Parabéns pelo texto.
Grato por seu comentário, Julio. A reflexão, o repensar e o saber sãos os focos do Projeto OmnisVersa. Com eles temos a base da convivência respeitosa e saudável.