Se tão contrário a si é o mesmo Amor?” (Luís de Camões)
A chuva caia em seu rosto e sua pele toda arrepiava. Descalço, com os pés no chão, ele não se importava como seria o fim do dia. O seu cheiro é algo que nunca esquecerei pois foi a primeira coisa que reparei quando passou por mim. Aquele brilho! Aquela vida! Nada mais podia me tirar a atenção e assim como tinha acertado meu coração, levou meus sentidos todos para junto dele. Ouvia música a todo momento, e dançava ao soprar do vento. Não podia ver uma flor que a reverenciava com amor. Aprendi a deitar na grama e a não me preocupar com as horas. Soltei as mãos, me senti livre e dei cambalhotas! Ah!, se o tempo pudesse parar para que assim eu pudesse olhar dentro de seus olhos e ver o que naquele momento ele ficou a admirar!? Suco de uva e ovos mexidos: era esse o pedido. Sabia o que queria e o que não queria; era sutil no relevar. Para ele cada vida tinha sua importância e, para mim, isso tinha relevância. Amigo, cúmplice e companheiro, mas nem todo mundo o tinha por inteiro, pois só a ele podia se entregar. Nunca me importei se não era meu. Sabia que nada era seu, nem mesmo eu. E assim percebi que nada importava mais do que aquele momento. A gargalhada, o gozo e seu sabor me deixavam atento para o seu rubor. Suas lágrimas eram acompanhadas de sentimentos, que jamais pode despistar. Nunca me pediu nada que não pudesse dar em troca e nunca fez promessas aleatórias. Nada era preciso dizer e nada era cobrado. Tudo fluía como determinado. Eu só queria estar do lado dele, sentir sua pele e seu vigor! Não podia dizer que era amor. Era só um frescor, na alma. Me entreguei sem me entregar, sabendo que o momento iria chegar e que ele iria partir para nunca mais voltar. E ele se foi! A leveza da partida foi, antes mesmo, entendida e até mesmo ensinada. Nada é para sempre, me dizia. Eu me aborrecia, mas aprendia. Agora, escrever sobre ele é libertador, porque debaixo do cobertor eu sei que ele deixou todo o seu calor. No próximo verão outras experiências virão. Mas nada será sobre ele. Quem sabe será sobre mim!?
Muito bom Léo. Interessante ótica. Leve, Saudosa, Memorial.
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