“A felicidade e a saúde são incompatíveis com a ociosidade.” (Aristóteles)
Há mais de 100 dias dentro de casa, acompanhando os efeitos dramáticos da pandemia do Coronavírus em todo o mundo, especialmente no Brasil, acredito que nunca mais seremos os mesmos. Infelizmente, fomos abandonados à nossa própria sorte. Passados cinco meses, continuamos a ver o aumento exponencial do número de infectados pelo COVID 19 e consequentemente o aumento do número de mortos. Vemos todos os dias pelo menos mil pessoas morrendo. Nossos dirigentes negligenciando e se esquivando da responsabilidade que assumiram quando foram eleitos. Mais de 100 mil mortos! Isolados, fomos levados a dar um mergulho dentro de nós mesmos e encarar aquela pessoa que escondíamos bem lá no fundo. Foi a oportunidade do reencontro, do renascimento. A rotina da casa foi reorganizada, aulas online, homeoffice, isolamento. Recém aposentada, comecei a cozinhar, lavar, limpar. O desafio de ficar em casa assumindo todas as tarefas domésticas imprimiu uma dose de criatividade para superar o confinamento. Antes da aposentadoria eu estava travada, com problemas na coluna e me recuperando de uma torção no pé. Sem falar dos inúmeros medicamentos tarja preta, anti depressivos, anti ansiolíticos e indutores de sono. Com o peso bem acima e as taxas dos exames alteradas, eu evitava a realidade da péssima condição física que eu me encontrava. O isolamento, a princípio, facilitou meu convívio com meus problemas de saúde, afinal de contas, agora, “não dava para fazer nada”! Em isolamento, no fundo do poço, o reencontro comigo me obrigou a fazer uma escolha. Eu escolhi ficar com a pessoa saudável que eu era anos atrás.Minha escolha foi corroborada pelo estudo realizado por diversas universidades de São Paulo sobre atividade física como medida de enfrentamento ao COVID 19. Santas palavras de Maycon Ferreira Júnior em sua obra sobre medidas de enfrentamento da pandemia. Aos poucos, fui descobrindo que cuidar da minha saúde dependia apenas de mim. Tímida, comecei a treinar usando elásticos e fazendo abdominais… Os dois degraus da sala começaram a me desafiar, a frequência cardíaca aumentava … Eu já fazia um treino de 500 calorias. Viva! A próxima etapa foi subir os degraus das escadas do prédio. Subia correndo e descansava descendo. Fui percebendo o que funcionava e o que eu gostava de fazer. O batimento cardíaco acelerava e tornava o treino mais desafiador! O ápice da melhoria da performance foi o presente que ganhei no dia das mães: uma corda – que me fez reviver os melhores momentos da minha infância. As crianças se reuniam nos passeios em frente às casas numa cidade do interior. A corda nos unia, nos fazia sentir verdadeiras acrobatas. Enquanto uma menina pulava, outra entrava e as que estavam segurando as pontas da corda nos desafiavam aumentando a velocidade. Passávamos horas ali, rindo e pulando. No meio da sala eu comecei a pular meio desajeitada, na memória a destreza da criança desafiava a mulher com quase 60 anos. Eu começava a pular, tropeçava e a menina gritava: Vai! Tenta! Você vai conseguir! Lembra como era gostoso? Eu arrastei a mesa de jantar e as cadeiras, peguei os fios do tapete que eu estava tecendo e comecei a pular… A cada 50 pulos eu separava um fio. 20 fios! 1.000 pulos! Ufa! Eu consegui… A menina sorria e gritava: Mais rápido! Pula, senão você vai cair!!! Redescobri o prédio, e seu jardim me propiciou algumas corridas. Correr ao redor do prédio me manteve ativa, ao mesmo tempo que me permitia ver o azul do céu, limpo, lindo. Durante as corridas eu vi um céu que nunca tinha visto antes, acho que era o gosto da liberdade. O vento lambia meu rosto e eu me deliciava a cada volta que dava! Os treinos anaeróbicos evoluíram, comecei a conjugar corrida, corda, escada, bike e musculação, 500, 700, 800, 1.000 calorias!!!! Eu comecei a me sentir muito bem, respirava melhor, sentia que estava cuidando novamente de mim… Como dizia Rubens Alves, “a vida não pode ser economizada para amanhã. Acontece sempre no presente”. Vida nova de aposentada, nova rotina de exercícios e a certeza de um recomeço iluminado com mil possibilidades, ainda que na pandemia.
Adorei!Me Remeteu também à minha infância – pulei muita corda e adorava….Voltei ao presente e vi que as minhas dificuldades na pandemia não eram só minhas. E parabéns Venina !!!!
Adorei!Me Remeteu também à minha infância – pulei muita corda e adorava….Voltei ao presente e vi que as minhas dificuldades na pandemia não eram só minhas. E parabéns Venina !!!!
Agradecemos o comentário. Por vezes, as soluções são simples e estão dentro de nós. O texto comentado nos apreseneta um pouco disso.