“Na era da ciência natural, desde aproximadamente meados do século XIX, as atividades civilizadas da humanidade vêm gradualmente deslizando abaixo, não somente até as regiões mais baixas da natureza, mas também para debaixo dela. Ciência técnica e indústria se tornam sub-natureza. Isso faz urgente que o homem encontre na experiência consciente um conhecimento do espírito, a partir do qual ele se erguerá tão acima da natureza quanto abaixo dela se afunda em suas atividades técnicas. Assim, criará em si a força interior para não submergir.” (Rudolf Steiner). A humanidade celebra a tecnologia, enquanto indivíduos se arrastam, incertos de si. Desanimado, o homem teme constatar que a revisão de seu alicerce implica grande trabalho. Prefere, assim, delegar a responsabilidade sobre seu futuro aos ídolos de seu tempo, postergando a possibilidade de se emancipar intelectual e moralmente. Assim, dedica-se enorme esforço ao enriquecimento material e aos prazeres imediatos. Mesmo intuindo que tais aspirações não o realizam plenamente, o indivíduo se esquiva de maiores tentativas e, cansado, recai num ciclo vicioso. O temor da dissolução de um “eu” identificado ao material petrifica qualquer transformação profunda. O medo de errar e de sofrer paralisam o coração humano. Qualquer novidade é bem-vinda, desde que sem ônus; e todo risco deve ser quantificado – de preferência financeiramente. Existe apenas uma saída: realizar a efemeridade do físico e do material. Caberá então ao homem abrir-se a novas possibilidades. O ser corajoso deverá ser capaz de lidar com sua experiência e com a História de tal modo a recebê-las como objetos de autoconhecimento. Exigir a chancela da “verdade científica constatada” é sem dúvida uma importante prática quando o objetivo é o desenvolvimento tecnológico. Por outro lado, o ser crítico deve ser capaz de buscar constantemente o moral e verdadeiro dentre as possibilidades de conhecimento. Dessa forma, a oportunidade de aprendizagem se dá inclusive a partir de eventos cuja ocorrência no plano físico não estejam cientificamente comprovados. Ao se propor como “a peneira entre a experiência e a verdade”, o homem estará mais próximo do papel de intermediador entre a existência e o conhecimento. A liberdade do homem depende, assim, de seu conhecimento de si e do universo, refletidos na moral que permeia sua ação. Não se trata de ser tolo ou preguiçoso; pelo contrário: avaliar tão ampla e profundamente os fatos e eventos exige sabedoria e esforço. O reerguimento do homem será possível depois de seu genuíno reconhecimento enquanto ser pensante. Para os que não se satisfazem com as formas materialistas de lidar com as adversidades do tempo atual, a Antroposofia se apresenta como uma promissora alternativa. Segundo o site da Sociedade Antroposófica no Brasil (SAB), “a Antroposofia, do grego ‘conhecimento do ser humano’, introduzida no início do século XX pelo austríaco Rudolf Steiner, pode ser caracterizada como um método de conhecimento da natureza do ser humano e do universo, que amplia o conhecimento obtido pelo método científico convencional, bem como a sua aplicação em praticamente todas as áreas da vida humana”. Ao leitor que tenha se identificado com esta argumentação, sugere-se explorar o rico acervo desse método de conhecimento, sobre o qual maiores informações estão disponíveis no site da SAB (http://www.sab.org.br/antrop/ANmainFrame.htm).