Há dois tipos de quedas: aquelas que seriam frutos do acaso (situações independentes de nossas ações e/ou omissões) e os fracassos (oriundos de nossas ações e/ou omissões). As “quedas pelo acaso” geralmente são fundamentadas no azar. Muitas vezes também assim fundamentamos os fracassos. Nenhuma situação ruim será somente ruim, pois há sempre lições a serem aprendidas. Se não tiramos nenhuma boa lição daquela situação, certamente, não soubemos encará-la e superá-la, independente dos seus efeitos. As quedas devem se prestar ao aprendizado, mas como obter esse aprendizado? Creio que só há aprendizado com conhecimento. Portanto, o entendimento da queda é elemento crucial. Nas palavras de Charles Dickens “cada fracasso ensina ao homem algo que ele precisava aprender”. Todavia, há quem assim não entenda. Diz Fernando Caio Abreu: “Deixe o tempo te ensinar que os tombos te fortalecem, que os ventos te levam e que a vida te molda da maneira que bem quer. Não tente entender, tente viver. Poucos conseguem.”. Alguns pensadores consideram importante ao desenvolvimento, ou parte do processo, o fracasso, mas fogem da questão de uma atitude perseverante mediante ação repetitiva ou ação inovadora pelo estudo da queda sofrida, como por exemplo Churchill. Mesmo o Dalai Lama, fica sobre o muro ao frisar que “a mais profunda raiz do fracasso em nossas vidas é pensar, ‘Como sou inútil e fraco’. É essencial pensar poderosa e firmemente, ‘Eu consigo’, sem ostentação ou preocupação.”. Prefiro essa lição: “Lembre-se dos dois benefícios do fracasso. Primeiro, se você fracassa, você aprende o que não funciona; e segundo, o fracasso dá a você a oportunidade para tentar um novo caminho.” (Roger Von Oech). Portanto, as perdas e fracassos (quedas) também exigem uma série de ações positivas: primeiro reconhecê-los, depois não se vitimizar, então conhecer o que aconteceu e retirar daí uma boa lição. Concomitantemente, vai-se mitigando os efeitos do fracasso. Pois conhecer e aprender não se confundem com resolver fatos gerados pela queda; podem ser elementos de orientação. Quem não reconhece o fracasso pode agravar sua ocorrência e seus efeitos. Quem se vitimiza, não se permite conhecer e aprender com o fracasso. Mais grave, quem se vitimiza não mitiga os efeitos e, por vezes, os potencializa. “O êxito na vida não significa apenas ser bem sucedido, mas também sobrepor-se aos fracassos.”(Maxwell Maltz). Mesmo na seara religiosa, não cabe pedir a vida que se gostaria, mas a sapiência para viver da melhor forma a vida que se tem. Outrossim, deve-se agradecer as boas lições tiradas dos fracassos e situações difíceis, acaso ocorridos. Gandhi dizia que a suas imperfeições e fracassos eram como uma bênção de Deus, tanto quanto seus sucessos e talentos, e que ele colocava ambos a Seus pés. A vida boa exige reflexão e aprendizado constantes, pois só isso permite a aproximação do conhecimento sobre a essência da existência.
Autoria: Fernando Sá
Autores citados: Charles Dickens, Fernando Caio Abreu, Winston Churchill, Dalai Lama, Roger Von Oech, Maxwell Maltz, Mahatma Gandhi